©Raquel

Sentada na montra da pizzaria percebo a quantidade de vezes que as palavras avassalam o meu pensamento, uma tendência inexplicável de traduzir todos os meus sentidos. Sentada em pleno Passeig del Born deixo tomar conta de mim a curiosidade e sigo as pessoas com o meu olhar, compreendendo agora, que desde muito cedo os meus pais me permitiam dar liberdade à minha imaginação...

Hoje estou sozinha, por livre escolha, deixei a minha cidade, o meu país, mas mais que isso abandonei as minhas pessoas. Estou sozinha, por opção, aqui, hoje, neste local e isso não me deixa melancolicamente triste, é uma experiência que me faz feliz ao longo de todo o percurso que traço em linha curva.

Procuro trabalho, desenfreadamente, duvido de todas as capacidades, duvido da existência da crise confrontando.a com a crise de valores. Ponho todos os reconhecimentos numa caixa, tal como todas as etapas que, durante seis anos de curso e de trabalho, fui atingindo. Que sociedade é esta que nos torna capazes de trabalhar mas ao mesmo tempo nos torna inúteis aos seus olhos. 

Sou arquitecta por doença mas acima de tudo por paixão! Nunca quis ser outra coisa, nem outra coisa me passou pelo pensamento em tempo algum. Sou tão feliz com a minha escolha que chego a odiar a sua força e a sua certeza de querer ser e de querer estar sempre onde ultimamente não é possível.

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